Fluidr
about   tools   help   Y   Q   a         b   n   l
User / Armando Caldas
Armando Caldas / 3,113 items

N 9 B 2.1K C 1 E Jul 17, 2012 F Dec 16, 2018
  • DESCRIPTION
  • COMMENT
  • O
  • L
  • M

Num tempo que vai longe mas habita perto na minha memória, uma princesa mais bela que todas as belas que eu já conheci, seduzia ardilosamente todos os príncipes e plebeus, naquele tempo dito de trevas e que abundava de luzes sórdidas e belezas estonteantes, cujo menor pecado era a vaidade.

Um feiticeiro feio, mau feitio e com uma verruga na ponta do nariz, que ainda por cima tinha o mau hábito de tossir para cima das pessoas, e que por ser tão mau, de corpo e alma, não podia por isso ser vaidoso... deu asas ao seu descontentamento e vingativo lançou um feitiço para que sobre o estonteante vestido vermelho da princesa uma túnica sombria se estendesse e assim o escondesse.

Feitiços são factos... e desde então a princesa vaidosa, que exibia o seu vestido escarlate para seduzir os incautos, virou borboleta e agora e apenas pode exibir-se quando o feiticeiro ressabiado, medonho e feioso, lhe permite bater as asas e em altos voos exibir o seu lindo vestido vermelho.

A vaidade tem um preço que a princesa pagou. Agora não brilha nos bailes a exibir o seu vestido... agora repousa calmamente onde quer e ninguém a vê. Observa calmamente e escolhe entre os fidalgos e plebeus aquele que a merece. Anda nisto há mil anos sem encontrar a quem quer... mas não vai desistir porque acredita que um dia irá encontrar quem a ame. Não por ser bela, mas por ser ela...

Mariposa / Red underwing (Catocala nupta?!)
Abrucena, Almeria, Espanha. (17/07/12)

Tags:   07 07-12 Abrucena Almeria Andalucia Armando Caldas Catocala nupta? Espanha Heterocera Lepidoptera Sierra Nevada insecta

N 20 B 1.8K C 2 E Aug 6, 2015 F Dec 14, 2018
  • DESCRIPTION
  • COMMENT
  • O
  • L
  • M

Bufos-reais / Eagle Owls (Bubo bubo)
Mafra, Portugal. (06/08/15)

Tags:   08 08-15 2015 Armando Caldas Bubo bubo Mafra aves eagle-owl bufo bufo-real

N 7 B 1.4K C 0 E Jun 30, 2017 F Dec 12, 2018
  • DESCRIPTION
  • COMMENT
  • O
  • L
  • M

A floresta chora sempre que morre um duende ou uma fada.
Quando não houver ilusões,
todas as árvores secarão e apenas restará o deserto sem vida...

Floresta Laurissilva
Parque Nacional de Garajonay, La Gomera, Ilhas Canárias, Espanha. (30/06/17)

Tags:   06 06-17 2017 Armando Caldas Canárias Espanha Floresta Laurissilva Ilhas Canárias La Gomera Laurissilva floresta plantas árvores

N 20 B 1.9K C 2 E Oct 6, 2012 F Oct 22, 2018
  • DESCRIPTION
  • COMMENT
  • O
  • L
  • M

Conta a lenda que lá para os lados do Rosmaninhal, ali onde o Tejo separa o irmão português do irmão espanhol, houve em tempos uma donzela, que nem era bela mas era alegre, e tinha as faces rubicundas como uma maçã madura, que se enamorou de um príncipe que era feio como um tamboril e tonto como uma folha que cai seca aos rodopios.
O pai do príncipe, criatura vil e senil, amargurado e engordado, não ficou com isso contente. Logo na hora mandou chamar uma bruxa, que não era má mas tinha de ganhar a vida, pois que perneta e cegueta de outros trabalhos não era capaz, para fazer um feitiço que transfigurasse a feia donzela num animal de quatro patas, incapaz de falar ou cantar para embalar os ouvidos, que esses sim funcionavam bem e deixavam-se seduzir por estórias de encantar, do príncipe atarantado.
A maga logo ali negociou e por três chouriços de porco bízaro, um pífaro de terracota, dois almudes de vinho palheto e uma carrada de lenha de sobro, acordou em lançar os pozinhos mágicos sobre a alegre donzela e dela fazer um quadrúpede que não falasse.
E assim ela o fez, numa manhã serena em que à sombra duma azinheira, a feia donzela cantava animadamente. Mas a malandra feiticeira, que sabemos não era má, percebendo que por trás da árvore se encontrava o atordoado príncipe, para ali espalhou também aquela poeira mágica.
E então satisfeita virou costas com o seu cabaz e deixou para trás uma alegre donzela transformada em gazela, que até hoje saltita feliz em volta da azinheira, por saber que as suas folhas, que não caem secas aos rodopios, são agora o aparvalhado príncipe que para sempre olha para ela e continua tonto... de amor!


Esta é para o bom amigo Hélder Conceição que comigo partilhou uma gargalhada quando vimos esta a chegar saltitante sobre as quatro patas, como num filme de Walt Disney!

Veado, fêmea / Red deer, female (Cervus elaphus)
Parque Natural do Tejo Internacional, Portugal. (06/10/12)

Tags:   10 10-02 Armando Caldas Cervus elaphus Idanha-a-Nova Parque Natural do Tejo Internacional Rosmaninhal veado red deer

N 17 B 1.5K C 0 E Apr 30, 2009 F Oct 17, 2018
  • DESCRIPTION
  • COMMENT
  • O
  • L
  • M

O meu pai, ex-seminarista, e a minha mãe, provinham de famílias minhotas saudavelmente católicas e honravam o seu credo com afinco. Por isso, no espaço de 11 anos fizeram 9 filhos até chegarem a mim e pararem... creio eu que por atingirem a perfeição! Seguindo então a lei das probabilidades, todos os anos havia uma ou outra raposa que no fim do ano lectivo aparecia a espreitar à porta... era assim que o meu pai, com humor algo sarcástico, se referia às reprovações dos seus filhos que, por regra, não eram grandes alunos e tinham uma maior queda para as artes do que para os estudos. Eu, como não tinha jeito para nada, cresci com o complexo de que as minhas mãos eram inúteis. Ainda hoje olho para elas com tristeza...

Mas para além dessas raposas mais comuns lá por casa, uma de carne e osso ficou indelevelmente registada na minha infância. Um dos meus irmãos, o Mingos, que tinha uma costela animalista e me contagiou com o amor aos bichos, tinha por hábito esconder rolas e pegas bebés debaixo da cama, para a minha mãe não as encontrar. Criava passarada, coelhos, galinhas e outras vezes trazia para casa um cão com a pata partida que encontrara na rua.

O meu saudoso irmão era também uma criança asneirenta, como toda a criança que se preze (já eu, era um miúdo insosso, angelicamente loiro e magrinho, que não partia um prato... o que soma mais um à palete de traumas que trouxe da minha infância). Uma das asneiras do Mingos foi quando eu tinha 4 ou 5 anos... encontrou uma raposa morta no meio do monte cortou-lhe uma perna e fritou-a na fritadeira nova da nossa mãe! Como nunca foi egoísta, meteu a carne em fatias dentro de pães e foi com mais dois irmãos, entre os quais eu me incluía, comer as sandes para o quintal da casa dum vizinho, o Zé Maria. Este que não provinha de uma família numerosa e estava por isso mal habituado, foi o primeiro a estranhar a carne e atirou a sandocha ao Piloto, o seu cão. Este cheirou... e rejeitou...

Eu e os meus irmãos mastigamos com fé, até ao fim, e agradecemos ao Senhor o alimento quase cru e borrachento que nos tinha sido providenciado!

Raposa / Fox (Vulpes vulpes)
Parque Nacional de Monfragüe, Extremadura, Espanha. (30/04/09)

Tags:   05-09 Armando Caldas Espanha Extremadura Monfrague Parque Nacional de Monfrague Vulpes vulpes mamÃ-feros


0.2%